Arte Marajoara

21/06/2011 19:49

  A  Cerâmica Marajoara  é fruto do trabalho dos índios da Ilha de Marajó. A fase mais estudada e conhecida se refere ao período de 400/1400 dC. 

     Marajó é a maior ilha fluvial do mundo, cercada pelos rios Amazonas e Tocantins, e pelo Oceano Atlântico. Localiza-se no estado do Pará-PA, região norte do Brasil. 

      
O maior acervo de peças de Cerâmica Marajoara encontra-se no Museu Emilio Goeldiem Belém-PA. Há também peças no Museu Nacional no Rio de Janeiro, (Quinta da Boa Vista), no Museu Arqueológico da USP em São Paulo-SP, e no Museu Universitário Prof Oswaldo Rodrigues Cabral ,na cidade de Florianópolis-SC e em museus do exterior - American Museum of  Natural History-New York e  Museu Barbier-Mueller  em Genebra. 

      Um dos maiores responsáveis, atualmente, pela memória e resgate da civilização indígena da ilha de  Marajó é Giovanni Gallo, que criou  em 1972 e administra o Museu do Marajó , localizado em Cachoeira do Arari.  O museu  reúne  objetos representativos da cultura da região - usos e costumes.
  

      
Para se chegar à ilha leva-se 3 horas de barco, ou 30 minutos, de avião, partindo-se de Belém, capital paraense. Visando manter a tradição regional, o museólogo criou  um ateliê de cerâmica onde são reproduzidas e comercializadas peças copiadas do acervo.  O barro é modelado manualmente com a  técnica das cobrinhas (roletes), sem o uso do torno de oleiro.

      Os índios de Marajó faziam peças utilitárias e decorativas. Confeccionavam vasilhas, potes, urnas funerárias, apitos, chocalhos machados, bonecas de criança, cachimbos, estatuetas, porta-veneno para as flechas,  tangas (tapa-sexo usado para cobrir as genitália das moças) – talvez as únicas, não só na América mas em todo o mundo, feitas de cerâmica.
     Os objetos eram zoomorfizados
 (representação de animais) 
ou antropomorfizados (forma semelhante ao homem ou parte dele), mas também  poderiam misturar as duas formas-zooantropomorfos.

     
Visando aumentar a resistência do barro eram agregadas outras substâncias-minerais ou vegetais: cinzas de cascas de árvores e de ossos, pó de pedra e concha e o cauixi-umaesponja silicosa que recobre a raiz de árvores, permanentemente submersas.
 

      As peças eram  acromáticas (sem uso de cor na decoração, só a tonalidade do barro queimado) e cromáticas. 
A coloração era obtida com o uso de engobes (barro em estado líquido) e com pigmentos de origem vegetal. Para o tom vermelho usavam o urucum, para o branco o caulim, para o preto o jenipapo, além do carvão e da fuligem. 
      Depois de queimada, em forno de  buraco ou em fogueira a céu aberto, a peça recebia uma espécie de verniz obtido do breu do jutaí, material que  propiciava um aca
bamento lustroso.